22 de novembro de 2024
Incêndios no Pantanal: maior planície alagada do mundo está se tornando mais seca, inflamável e hostil para vários animais

Foto: Reprodução/Internet

Novos dados científicos revelam que o Pantanal, a maior planície alagada do mundo, está se tornando cada vez mais seco e inflamável. Quase 60% do Pantanal foi atingido por incêndios nos últimos 38 anos, tornando-o o bioma mais castigado pelas queimadas no Brasil. A falta de chuvas intensifica o poder destrutivo das chamas: a última grande cheia ocorreu há seis anos.

Desde 2018, há um aumento significativo no período de seca e nas áreas queimadas. Em 2024, o Pantanal não registrou a cheia anual típica, segundo Eduardo Reis Rosa, coordenador de mapeamento do bioma Pantanal no Mapbiomas. Um estudo inédito do Mapbiomas, a ser divulgado na próxima semana, mostra uma redução constante da área coberta de água no Pantanal desde 1985. Em 2023, a área alagada estava 61% abaixo da média histórica.

Nas décadas de 1960 e 1970, o Pantanal também enfrentou períodos de seca, mas a realidade climática e a cobertura do solo eram diferentes. Eduardo Reis Rosa destaca que a disponibilidade de grande biomassa para queima torna os incêndios atuais incontroláveis. A redução das chuvas e o aumento das queimadas têm tornado o Pantanal um ambiente hostil para muitos animais. Pesquisadores já detectaram a diminuição das populações de algumas espécies, que agora correm risco de extinção.

Os incêndios de 2020 provocaram a morte de aproximadamente 17 milhões de vertebrados no Pantanal.

Estudos recentes mapearam as consequências das queimadas sem controle sobre a oferta de alimentos e a reprodução dos animais. Entre as espécies mais vulneráveis estão o cervo do Pantanal, a capivara, a ariranha e a onça pintada.

Outro problema é que a mudança do clima do Pantanal, com menos áreas alagadas, tem provocado migrações inéditas de espécies. É o caso da raposinha e do lobo-guará.

– Com a redução do nível de alagamento, a redução do nível de inundação com o fogo, esses ambientes ficaram mais propensos a serem ocupados por espécies dos ambientes mais secos e mais altos do Pantanal. Quando isso acontece, elas competem pelos recursos – alimentação, abrigo, área de reprodução – com as outras espécies que estavam lá – afirma Christian Berlinck, analista ambiental do ICMBio.

Com informações do G1.