21 de novembro de 2024

Informações vazadas da embaixada dos Estados Unidos na Bolívia, sistematizadas, entre outros, pelo Centro de Estudos Geopolíticos Multidisciplinares (CEGM), revelam um novo plano dos Estados Unidos para realizar a recolonização da América Latina. Sobre o que é esse plano? Por que esta recolonização seria tão urgente?

Atualmente, o mundo vive a transição de um mundo unipolar governado pelos Estados Unidos para um mundo multipolar com vários pólos de desenvolvimento. Neste contexto, o maior perigo para a hegemonia americana é a aliança BRICS, composta por: China, Índia, Brasil, Rússia, África do Sul, Irão, Egipto, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Daí a urgência de retomar o “território perdido”.

De acordo com as projecções económicas, até 2050 a China e a Índia ocuparão os dois primeiros lugares como potências mundiais, deslocando o país do Norte para o terceiro lugar. O receio de que isso se concretizasse fez com que, segundo o CEGM, os Estados Unidos iniciassem uma série de “peças” para garantir a manutenção do seu lugar como potência mundial. Estes são alguns dos mais óbvios:

Deter o desenvolvimento dos BRICS através de diversas ações: Promover a guerra na Ucrânia entre a Rússia e a NATO; apoiar a invasão israelita da Palestina para se apropriar das rotas comerciais chinesas no Mar Mediterrâneo, a “Rota da Seda”, e dividir politicamente a América Latina.

A um nível macro, para ser mais preciso, os objectivos do plano denominado “Simón Bolívar” são impedir que a América Latina se fortaleça economicamente através do comércio com dois gigantes asiáticos: a China e a Índia.

O próximo passo, que já estaria sendo realizado, é isolar os países que não estão relacionados a ele, ou seja: Colômbia, Bolívia, Venezuela. Isto, favorecendo a oposição e ampliando as disputas entre os países, com a colaboração de três bastiões do apoio americano: Peru, Equador e Argentina, manobra que já teria sido implementada.

Especificamente no caso da Bolívia, a estratégia estaria focada nos seus recursos naturais e na consolidação de um governo servil e de direita, por isso os Estados Unidos têm como prioridade o desmembramento do MAS-IPSP buscando tornar esse instrumento desaparecer da cena política.

Para garantir que este hipotético candidato chegue ao poder em 2025, não só se apoia a ruptura dentro do MAS-IPSP, mas também se procura construir um “outsider”, um candidato estrangeiro que ainda não apareceu nas urnas e que iria ser uma opção para a direita e para a grande massa de eleitores indecisos.

Relativamente aos recursos naturais, o objectivo seria tomar a maior reserva de lítio do mundo, aproveitando e promovendo o crescimento da crise política, que resultaria numa crise económica agravada pela obstrução de créditos por parte dos operadores na Assembleia. E não seria apenas o lítio o recurso desejado, mas também reservas de ferro, urânio e terras raras. Isto não é impossível, uma vez que a Bolívia está cercada por bases militares dos EUA. Os mais próximos ficam na fronteira entre Tarija e Argentina, onde o Comando Sul dos EUA ganhou força.

Os operadores de todo este plano na Bolívia são Debra Hevia, a nova encarregada de negócios dos EUA, uma tecnocrata que já iniciou programas de formação de liderança e reuniu-se com políticos de diferentes partidos e organizações em todo o país. Da mesma forma, estariam envolvidas organizações através das quais o plano é financiado: Fundação Nacional para a Democracia, o Instituto de Relações Internacionais, a DEA, a Fundação Liberdade e Democracia, dirigida por Tuto Quiroga em Santa Cruz, a fundação Ríos de Pie, a Fundação Construir , Comunidade Ciudadana, Aliança Informativa Latino-Americana, Grupo de Apoio à Igreja Militar – Projeto Centuriano (Fort Bragg) e União da Juventude Cruceñista apoiada por Zvonko Matkovic.

Quanto aos políticos incluídos nessas ações, os prefeitos Manfred Reyes Villa e Jhonny Fernández, e os ex-presidentes Carlos Mesa e Jorge Quiroga. Dentro da Assembleia estariam envolvidas Luisa Nayar e Andrea Barrientos e, externamente, o empresário Samuel Doria Medina, que foi candidato à presidência em mais de uma ocasião.

Muitos dos acontecimentos detalhados neste plano ocorrem neste momento, o que daria mais credibilidade à sua existência e consolidação.

 

Publicado no El Radar

EE.UU. y la recolonización de Latinoamérica