24 de novembro de 2024

Faleceu neste sábado (6) o desenhista e escritor mineiro Ziraldo, aos 91 anos. O célebre criador de “O Menino Maluquinho” e dos personagens da Turma do Pererê, assim como outras fundamentais obras para o Brasil, morreu dormindo em seu apartamento no Rio de Janeiro, conforme informações de sua família.

Com vasta obra iniciada nos anos 50 no jornalismo e na charge, Ziraldo foi um dos fundadores do “O Pasquim”, em 1964,  fundamental veículo para expor a ditadura militar no Brasil. Quando da instituição do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em dezembro de 1968, o cartunista foi preso pela ditadura, levado ao Forte de Copacabana e considerado “elemento perigoso”.

Percurso

Nascido em Caratinga (MG), em 1932, Ziraldo Alves Pinto desde a infância já produzia. Seu primeiro desenho publicado saiu aos 7 anos na Folha de Minas.

Além da Folha de Minas, onde fez carreira nos anos 50, participou de “A Cigarra”, “O Cruzeiro”, “Jornal do Brasil”, entre outros veículos.

Já em 64, com “O Pasquim”, esteve com Millôr, Henfil, Jaguar, Tarso de Castro, Sérgio Cabral, Ivan Lessa, Sérgio Augusto e Paulo Francis no combate à censura da ditadura.

Já em 1980 lançou a sua maior obra, “O Menino Maluquinho”, sucesso absoluto do mercado editorial que se tornou parte intrínseca da cultura brasileira.

Ziraldo deixa a esposa, Marcia da Silva, e três filhos, Fabrizia, Daniela e Antonio, do casamento com Vilma Gontijo.

Repercussão

A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação e presidenta nacional do PCdob, Luciana Santos, lamentou a morte de Ziraldo pelo X: “É com profundo pesar que recebi a notícia do falecimento de Ziraldo, um dos maiores ícones da literatura infantil brasileira. Sua contribuição para a cultura do nosso país foi imensurável, deixando um legado eterno, através de obras que encantaram gerações. Que sua criatividade e talento continuem inspirando crianças e adultos ao redor do mundo. Meus sentimentos aos familiares e amigos.”

A deputada federal (PCdoB -RJ), Jandira Feghali, também se manifestou: O Brasil acaba de perder um de seus artistas mais marcantes. O renascentista Ziraldo (jornalista, cartunista, pintor, chargista, escritor, dramaturgo, caricaturista, poeta, cronista, apresentador, humorista…) jamais deixou de lado o espírito crítico, a coragem e o bom humor, três condições inescapáveis para quem teve que enfrentar uma ditadura, como ele o fez à frente do irreverente “Pasquim”. Nos quadrinhos, com a Turma do Pererê, nos estimulou a amar um pouco mais a nossa brasilidade, e ainda criou dois personagens que se tornaram clássicos da literatura infantil mundial: “O Menino Maluquinho” e “Flicts”. Um exemplo de sua irreverência: nos anos 1990, de saco cheio da cultura das celebridades (que estava chegando para ficar), criou a revista “Bundas”, cujo lema era “Quem mostra a bunda em ‘Caras’ não mostra a cara em ‘Bundas”. Durou pouco, mas valeu a piada. Obrigado por tudo, Ziraldo Meus sentimentos aos familiares, amigos e admiradores.

*Com informações Agência Brasil