24 de novembro de 2024

Por Luciana Bessa
Coluna Nordestinados a Ler

Quem diz que livros precisam ser curtos para serem lidos, certamente não cruzou com as obras da escritora e jornalista soteropolitana Vanessa Brunt, autora de Depois Daquilo, publicado pela editora Chiado, em 2018, com 578 páginas.

Vanessa Brunt, que também é colunista do Correio da Bahia e do Portal iBahia, da Revista Entremundos, criadora do blog “Sem Quases”, em que analisa letras de músicas, filmes e séries, e da plataforma CiaAtive, em que faz mentorias digitais, é uma dessas mulheres apaixonadas por metáforas. Não é à toa que escolheu a palavra para captar histórias, digerir dores e enxergar cada vez mais longe e profundo.

Enquanto escreve, Vanessa também lê, afinal, é preciso ler para escrever, para “aprimorar argumentos, vocabulários e compreensões”. Por isso, a autora de Entre Chaves (2013), 132 páginas, e Não Precisa Ser Assim (2020), com 437 páginas, é leitora de mulheres que abraçaram os mais diferentes tipos de arte, como é o caso de Taylor Swift, Billie Eilish, Mariana Nolasco, Colleen Hoover, Aline Bei, entre outras.

Depois Daquilo reúne poemas, crônicas, frases reflexivas sobre assuntos variados: amor (“O amor é elegante”), relacionamentos (“Entre todas as coisas”), ensinamentos (“Para os que limpam as listas”), relação amor x paixão (“O perdão do amor é mais difícil”), tentativa (“A tentativa é não tentar”), vontades (“Sou e digo”), humildade (“Sem humildade não há inteligência”), Maturidade (“Maturidade [danço]”), etc. Sobretudo, a obra traz à tona cicatrizes que todos nós temos, mas, que no fundo, desejaríamos que elas ficassem debaixo de sete palmos.

Possivelmente, a maneira com que Vanessa Brunt expõe suas dores, reais e fictícias, tenha conquistado o leitor contemporâneo acostumado a jogar para baixo do tapete suas inquietações. É só lembrar que Depois Daquilo já se esgotou sete vezes no site da editora.

Outra característica dessa longa obra, além da mistura de gêneros literários, linguagem coloquial, é a não linearidade, que permite ao leitor entrar em contato com textos curtos, sem seguir uma sequência cronológica. Em uma página, por exemplo, você lê um poema como “Só volte se” e, seguinte, um texto opinativo, “Tentar é a-guardar, guardar é ter consideração”. Além disso, encontramos palavras e expressões com formas e fontes diferentes para dar o tom desejado pela autora, a exemplo do texto “Esperança no amor”, em que numa linha lemos uma frase em negrito: “Voar é sentir a brisa, não ser de exatas”. E, na mesma linha, não-negrito: Não se luta pela esperança! Mas sem esperança, não se luta”. Diversidade textual parece ser a marca de Brunt.
Depois Daquilo nos convida a pensar no próximo passo, na decisão seguinte, no desvendar dos acontecimentos do cotidiano. É uma obra dinâmica, com verdades universais esperando para ser lida por você.