Há muitas e são muitas as causas da violência no Brasil. Mas o discurso de ódio propagado em redes sociais chama a atenção. O apoio ao discurso violento, o argumento patife de que armar pessoas é a resolução para a violência, apoiar o discurso contra políticos, instituições, contra pobres, negros e comunidade LGBTQIA+, só poderia dar em chacinas e crimes de todo ordem.
PÁGINA 2 BRASIL
Jornal Leia Sempre Brasil
Discurso de ódio mata pessoas, inclusive crianças
Há muitas e são muitas as causas da violência no Brasil. Mas o discurso de ódio propagado em redes sociais chama a atenção. O apoio ao discurso violento, o argumento patife de que armar pessoas é a resolução para a violência, apoiar o discurso contra políticos, instituições, contra pobres, negros, comunidade LGBTQIA+, contra direitos humanos e os direitos das pessoas, só poderia dar em chacinas e crimes de toda ordem.
O que nós, como brasileiros, esperávamos que acontecesse em nossa sociedade, quando se começou a naturalizar o discurso de ódio, e quando temas importantes como educação e segurança nas escolas, a violência que atinge mulheres e crianças, por exemplo, passaram a ser negligenciados e até negados?
Tem gente no Brasil com mandato dado pelo povo dizendo que não existe racismo. Tem gente em veículos de comunicação de massa querendo naturalizar o trabalho análogo à escravidão. E tem gente com discurso de pseudo liberdade, fazendo discurso de ódio, fazendo live e colocando fotos em rede social sugerindo matar pessoas. E, enquanto isso, as autoridades fecham os olhos para esse universo de ódio sendo plantado cotidianamente na cabeça, principalmente dos mais jovens. O resultado não vai ser e nem será bom.
O assassinato de crianças numa creche em Blumenau (SC) nos choca e indigna. Mas não pode esse episódio ser usado para fazer politicagem da mais barata. Ações como a do governo Lula de mais recursos para a segurança de escolas com parcerias entre União, Estados e Municípios é positivo. É positivo também formar um grupo com 50 policiais para investigar crimes de ódio na internet. Mas é preciso ir muito além disso. Senão, vai colar a ideia de deputados bolsonaristas de que armando mais a sociedade e violência diminui, as pessoas se protegem.
Mas como assim? O lobby para venda de armas e munição no Brasil é obra do bolsonarismo e só serve para alguém ganhar dinheiro, não para proteger nossa sociedade.
Em artigo publicado no site Brasil de Fato, a professora Maria Dolores Zundt alerta que é preciso estar atento ao discurso de ódio e as soluções autoritárias que sempre surgem.
Ela escreve: “As supostas soluções autoritárias não trarão segurança às escolas porque partem dos princípios violentos de controle social. Precisamos aperfeiçoar a participação popular nas escolas, criar gestão democrática, que garanta o envolvimento da comunidade com o cuidado e com as possibilidades de melhorias nas relações pessoais no cotidiano escolar.”
Mais ainda é bom lembrar dos exemplos de violência e estímulo ao ódio que acontece nos Estados Unidos e Brasil. Ela afirmou: É importante entender os casos recorrentes nos Estados Unidos, onde escolas e comunidade, mesmo preparadas para a defesa, não conseguem evitar tragédias como a do último dia 27 de março, em que um jovem de 28 anos atacou a tiros uma escola em Nashville e matou três crianças de nove anos e três funcionários adultos. O ataque foi o 131º caso do tipo nos Estados Unidos desde o início deste ano, segundo a Gun Violence Archive, uma organização sem fins lucrativos que monitora dados de violência armada.
No Brasil, ao mesmo tempo em que falamos sobre as urgentes melhorias na estrutura das escolas públicas, é preciso pensar sobre os discursos de ódio, fomentados pela extrema direita, que levam a muitos dos atentados. Temos uma parte da juventude fortemente influenciada pelos ideais dos supremacistas brancos dos Estados Unidos e as células neonazistas no Brasil cresceram 300% desde 2019. No entanto, é preciso atentar que esses discursos de ódio estão presentes no cotidiano escolar, de fora para dentro, trazidos pelos alunos sob influência de suas famílias e círculos sociais, e, também, de dentro para fora, disseminados em discursos de parte dos educadores que entendem a escola como espaço de controle social e repressão às camadas populares.”
Em resumo, a solução não é tão fácil quanto se supõe. Mas de uma coisa podemos ter certeza que é preciso o envolvimento de toda a sociedade para encontrar a solução para esse problema. O discurso neonazista tão presente hoje no Brasil é a moderna arma dos poderosos contra o povo. Todos nós somos vítimas desse discurso.
