A vereadora Maria Tereza Capra (PT), que teve seu mandato cassado na Câmara de São Miguel do Oeste, em Santa Catarina, por denunciar um grupo de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) que protagonizou ato de saudação nazista à bandeira brasileira em frente ao quartel na cidade, está recebendo ameaças de morte e vai receber proteção do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.
Em e-mail enviado à também vereadora Ana Lúcia Martins (PT), de Joinville, que manifestou apoio à colega, um neonazista usa o mesmo termo utilizado por Bolsonaro contra a deputada Maria do Rosário (PT-RS) para ameaçar Maria Tereza.
“Cassar seu mandato é só o primeiro passo. Vou cassar sua vida depois, [xingamentos]. Você é tão feia que nem merece ser estuprada, tem que morrer de pancada você e sua família de merda”, diz o texto enviado por e-mail.
Nas redes sociais, a vereadora petista publicou uma mensagem do ministério comandado por Silvio Almeida que a inclui no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH).
“Mais um apoio importantíssimo”, escreveu.
Cassação
Maria Tereza teve seu mandato cassado em sessão que começou na sexta-feira (3) e só terminou na madrugada do sábado (4). Foram 10 votos a favor e apenas um contra, o da própria vereadora, a única parlamentar do PT na Câmara Municipal.
A decisão arbitrária foi motivada pelo fato de Maria Tereza ter denunciado um grupo de bolsonaristas que protagonizou ato de saudação nazista à bandeira brasileira, em frente ao Quartel da guarnição do Exército, em São Miguel do Oeste.
A vereadora publicou um vídeo, em suas redes sociais, com a denúncia da manifestação de vários participantes com gesto nazista no dia 2 de novembro de 2022.
Segundo a alegação da acusação, a parlamentar teria propagado notícias falsas e atribuído aos cidadãos de São Miguel do Oeste o crime de saudar o nazismo e de ser berço de uma célula neonazista.
O advogado de defesa, Sérgio Graziano, destacou que o processo é de perseguição política. “Não há qualquer fato jurídico, político ou social que justifique a cassação. Em 31 anos do exercício da advocacia nunca vi tamanha injustiça”.
Ele lembrou, ainda, que é incomum que pessoas ergam os braços durante a execução do Hino Nacional e que nem mesmo os integrantes das Forças Armadas têm esse ritual.
A defesa apontou para possível parcialidade do então presidente da Câmara, Vanirto Conrad (PDT), e de dois dos três membros da Comissão de Inquérito, Ravier Centenaro (PSD) e Carlos Agostini (MDB).
A presidenta nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) anunciou que o partido vai recorrer da decisão. “Nossa companheira Maria Tereza Capra, vereadora de São Miguel do Oeste (SCV), sofre perseguição política e foi cassada por questionar saudação nazista feita por bolsonaristas. Ameaçada, ela teve que deixar a cidade. O PT vai recorrer contra esse absurdo. Todo o nosso apoio, Maria”, postou Gleisi em suas redes sociais.
Publicado no site Revista Fórum